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Lembranças de Dia das Mães

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Estava lendo todas as homenagens às mães postadas e pensei, bom seria se todos os dias fossem assim – só de homenagens, mas não.
A gente briga muito com as mães, faz parte do crescimento. Há muito venho brigando com meus filhos, e, certamente, fez parte do amadurecimento deles.
Me lembrei ainda da teoria que eu tinha quando era jovem e sai de casa, a de que “saudade a gente mata no aeroporto”. No caminho para a então casa dos pais, a realidade tomava conta e tudo voltava a ser a encheção que era antes – só problemas, falar dos outros familiares, contar as desgraças da família…
Sempre aprendemos pelo exemplo. Uns exemplos são bons e, os filhos as repetem porque querem ser como foram seus pais. Outros, porque almejam ser completamente diferente exemplo que tiveram. Não adianta, não fugimos disso. Mas, o norte, continua a ser o exemplo. Não as palavras, as horas de faça isso, seja aquilo.
Um bom dia para o porteiro, falado doce ou brutalmente será o exemplo. Pedir a refeição em um restaurante – educada ou grosseiramente, se tornará o comportamento constante. Como os pais se tratam em público e, principalmente, em particular, a bússola de ensinamento dos filhos.
Não posso julgar que as fotos postadas de Eu amo minha mãe sejam falsas. Algumas são incoerentes, mas não falsas.
Já perdi minhas mães há tempos. Uma mudou de plano, a outra mudou de mente. Não, não eram um casal homoafetivo. Eu tive duas mães porque fui criada por duas irmãs, ao mesmo tempo. Minha mãe natural e minha tia, que me adotou no coração.
Brigava muito com ambas. Tentava me impor, me fazer ouvir .
Era ouvida ao mesmo tempo que não davam a mínima para minhas colocações.
Era amada ao mesmo tempo que me davam broncas por coisas impensáveis – cabelo, roupa, vocabulário (e olha que hoje falo mais palavrão do que falava à época).
Era querida ao mesmo tempo que me cobravam boas notas, bom comportamento.
E, vim embora. Dois mil quilômetros de distância e um milhão de sonhos. E, de repente, não mais que de repente, me vi repetindo os comportamentos que eu abominava. Os conselhos que eu detestava. os exemplos que jurei que não repetiria.
E pior, quando acontecia alguma coisa e eu não tinha rumo, ligava para as duas, que me davam sugestões completamente opostas e desta polaridade eu encontrava o equilíbrio.
Hoje analiso e percebo que sempre precisei dos opostos para ser quem sou. Sou reflexo das duas e ao mesmo tempo sou eu mesma.
Para meus filhos? Tentei sempre lembrar que Saudade a gente mata no aeroporto.